O poeta, compositor, dramaturgo e ator argentino Enrique Discépolo Deluchi disse que “o tango é um pensamento triste que se pode dançar”. Não consigo lembrar de outra frase que resuma à perfeição essa dança, que é patrimônio cultural da humanidade, bem como o documentário O Último Tango, dirigido em 2015 por German Kral, roteirista e diretor portenho radicado na Alemanha. Aqui ele nos conduz por uma história entre os famosos dançarinos María Nieves e Juan Carlos Copes, que dançaram juntos por quase 50 anos não apenas em Buenos Aires e outras cidades da Argentina, mas excursionaram por diversos países do mundo. Os dois se conheceram ainda adolescentes e ao longo das décadas seguintes se amaram, se odiaram, se afastaram, se reconciliaram e se separaram definitivamente. No entanto, o amor pelo tango sempre os uniu. Kral resgata essa tocante história a partir de imagens de arquivo, de dramatizações e de depoimentos colhidos de María e Juan. Em especial, dela, já que ele é, na maior parte das falas, bastante lacônico. De forma dinâmica e precisa temos em O Último Tango uma bela homenagem às incríveis coreografias criadas por Juan Capes e executadas pelo casal e, acima de tudo, uma amorosa declaração a essa apaixonante dança surgida no início do século XX.

O ÚLTIMO TANGO (Un Tango Más – Argentina 2015). Direção: German Kral. Documentário. Duração: 85 minutos. Distribuição: Imovision/Globoplay.