Apesar de compartilhar o mesmo sobrenome e nacionalidade, o cineasta Kiyoshi Kurosawa não tem parentesco algum com Akira Kurosawa. Dito isso, convém destacar a extensa filmografia desse roteirista e diretor japonês que teve início em 1973 e já realizou perto de 60 obras para televisão e cinema, sendo também um dos pais do J-Horror ou “terror japonês”. Um de seus filmes mais premiados é Sonata de Tóquio, de 2008, e o “horror” aqui não é fantástico. Muito pelo contrário. É bem calcado em uma dura e triste realidade. O roteiro, escrito por Kiyoshi junto com Max Mannix e Sachiko Tanaka, nos leva pela desestruturação da família Sasaki. Tudo começa quando Ryuhei (Teruyuki Kagawa), o pai, perde o emprego e esconde isso de sua esposa Megumi (Kyoko Koizumi). Os dois filhos do casal, Takashi (Yu Koyanagi) e Kenji (Kai Inowaki), se revelam cada vez mais distantes dentro de seus próprios mundos. Gradativamente, em meio às mentiras e à falta de diálogo, vemos um núcleo familiar se destroçar. Kiyoshi Kurosawa é sutil em sua narrativa. A cidade em que vivem os Sasaki é Tóquio, mas poderia ser qualquer outra grande cidade. Não é isso o que importa. O foco é outro e a composição dos espaços internos daquela casa, que fica ao lado do trilho de um trem que sempre passa rápido ali fora deixa isso escancarado. Como meu irmão Douglas costuma dizer, Sonata de Tóquio é filme de gente grande.

SONATA DE TÓQUIO (Tokyo Sonata – Japão 2008). Direção: Kiyoshi Kurosawa. Elenco: Teruyuki Kagawa, Kyoko Koizumi, Yu Koyanagi, Kai Inowaki, Haruka Igawa, Kanji Tsuda, Kazuya Kojima e Koji Yakusho. Duração: 120 minutos. Distribuição: Reserva Imovision.