O caso Dreyfus é, seguramente, o mais famoso e estudado do sistema jurídico francês. Tudo começou em dezembro de 1884, quando o capitão Alfred Dreyfus foi condenado por alta traição à prisão perpétua na Ilha do Diabo. O cineasta Roman Polanski viu no livro de Robert Harris similaridades com o processo que ele próprio enfrenta desde meados dos anos 1970 e decidiu escrever o roteiro, junto com o autor, e dirigir este O Oficial e o Espião, vencedor em 2019 do Cesar e do Festival de Veneza. Com a condenação de Dreyfus (Louis Garrel), tempos depois o investigador Picquart (Jean Dujardin) descobre evidências que talvez provem a inocência do acusado. O caso dividiu a França por 12 anos e revelou ações de manipulação e preconceito até então desconhecidos. Polanski foge dos clichês do gênero e nos conduz por uma história repleta de mistérios e que, mesmo se baseando em fatos conhecidos, em muitos momentos somos pegos de surpresa com a sucessão de acontecimentos apresentados. Sinal de domínio da narrativa cinematográfica de seu experiente e talentoso diretor.

O OFICIAL E O ESPIÃO (J’Accuse – França/Itália 2019). Direção: Roman Polanski. Elenco: Jean Dujardin, Louis Garrel, Emmanuelle Seigner, Vincent Perez, Mathieu Amalric, Stéfan Godin, Grégory Gadebois e Wladimir Yordanoff. Duração: 132 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.