Tim Burton é um cineasta que possui uma marca. E sempre que sai algum novo trabalho dele, há a expectativa de vermos aquela assinatura. No caso de Burton, quando ele dirigiu Grandes Olhos, este padrão parecia não se fazer presente. Inspirado na história real da pintora Margaret Keane, vivida por Amy Adams, o roteiro de Scott Alexander e Larry Karaszewski lida basicamente com uma questão que envolve a disputa em tribunal de direitos autorais. A ação tem início nos anos 1950 e nos apresenta uma Margaret extremamente bem-sucedida na comercialização de suas obras. O problema, e é aí que o filme se concentra, diz respeito ao uso dos quadros de Margaret por seu marido, Walter Keane (Christoph Waltz), que os vende como se fossem seus. Claro que existem outras questões como a baixa autoestima da pintora, por exemplo. Uma das características do estilo de Burton contar histórias é visível: o gosto pelo estranho. E a vida dos Keane era bem estranha mesmo. Mas não é isso o que se sobressai. No final, seguimos a trajetória de crescimento espiritual, humano e artístico de uma mulher. E abrir nossos olhos para isso é o que o diretor tenta neste filme.

GRANDES OLHOS (Big Eyes – EUA/Canadá 2014). Direção: Tim Burton. Elenco: Amy Adams, Christoph Waltz, Krysten Ritter, Danny Huston, Jon Polito, Jason Schwartzman e Terence Stamp. Duração: 106 minutos. Distribuição: Globoplay.