A vida de Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza, foi verdadeiramente cinematográfica. Filho único de família rica da zona sul carioca, nunca teve limites para experimentar o que bem quisesse. O que o tornava diferente dos demais era seu talento para a música. Cazuza era filho do produtor fonográfico João Araújo, e cresceu convivendo com grandes nomes da música popular brasileira. Quando uma nova geração de roqueiros surgiu no país, na primeira metade da década de 1980, Roberto Frejat, da banda Barão Vermelho, procurava por um vocalista. Um amigo cumum, Léo Jaime, indicou Cazuza e o resto da história já é conhecido. Estréia na direção do experiente fotógrafo Walter Carvalho, em parceria com a diretora Sandra Werneck, Cazuza – O Tempo Não Pára acompanha a trajetória desse jovem artista pouco antes de sua entrada no Barão até sua prematura morte, aos 32 anos, vítima da AIDS. Daniel de Oliveira, que vive o papel-título, nos faz crer em todos os momentos que estamos acompanhando a um documentário. Não só pela semelhança física, mas, principalmente, pela veracidade de sua interpretação. Cazuza, que sempre foi um transgressor, assumiu publicamente sua condição de soropositivo, tornando-se o primeiro ídolo brasileiro a discutir uma doença que, na época, vinha acompanhada de muito preconceito, pouca informação e nenhuma tolerância. Preste atenção em duas seqüências: 1) o show do Barão Vermelho no primeiro Rock in Rio, misturando cenas reais com cenas rodadas para o filme; 2) a atitude dele no momento em que recebe o resultado do exame de sangue.