Os irmãos Albert e David Maysles, ao lado de D. A. Pennebaker, trabalharam com Robert Drew. Juntos, eles revolucionaram o que conhecemos hoje como Cinema Direto ou Cinema Verdade. Oriundos do jornalismo, aplicaram técnicas e abordaram questões sociopolíticas que não faziam parte dos documentários da época. E fizeram escola com isso. Grey Gardens, dirigido por Albert e David Maysles, ao lado de Ellen Hoyde e Muffie Meyer, é um excelente exemplo do tipo de cinema dessa escola. O “Cinema Direto” defendido por eles quer dizer exatamente o que o nome sugere. Trata-se de um cinema sem mentiras, ou seja, sem o auxílio de técnicas que mascarassem o que estava sendo mostrado. O som e imagens eram captados diretamente. A luz era a ambiente. Não havia interferência alguma do diretor. Grey Gardens prima por todos esses princípios. Acompanhamos aqui duas mulheres, Big e Little Edie Beale, mãe e filha. Elas residem em uma luxuosa casa nos subúrbios de Nova York. São parentes da ex-primeira dama americana, Jacqueline Kennedy e frequentavam as colunas sociais. Certo dia, o Departamento de Saúde, em inspeção rotineira, encontrou as duas vivendo em condições sub-humanas. A intensa cobertura da imprensa chama a atenção dos Maysles e, a partir daí, tem início a produção deste filme. Grey Gardens é um retrato ao mesmo tempo lúdico e trágico de uma geração que se perdeu. Ou que não se deu conta que estava perdida. Há um certo clima de terror na história das Beale. E as lentes e microfones dos Maysles nos fazem ver e ouvir tudo. Esta edição da Obras-Primas do Cinema traz um farto material extra que enriquece ainda mais o produto principal. Uma curiosidade: esta história foi dramatizada para a TV, em 2009, por Michael Sucsy e com Jessica Lange e Drew Barrymore nos papéis de mãe e filha.

GREY GARDENS (Grey Gardens – EUA 1975). Direção: Albert Maysles, David Maysles, Ellen Hoyde e Muffie Meyer. Duração: 95 minutos. Distribuição: Obras-Primas do Cinema.