O roteirista e diretor iraniano Asghar Farhadi é o mais conhecido e premiado cineasta de seu país. Vencedor de dois prêmios Oscar na categoria de melhor filme internacional no intervalo de cincos anos: em 2012, com A Separação; e em 2017, com O Apartamento, ele nos traz agora outro soco no estômago. É o caso de Um Herói, que ele escreveu e dirigiu, em 2021, coproduzido pela França. A ação gira em torno de Rahim Soltani (Amir Jadidi), que foi preso por conta de uma dívida que não conseguiu pagar. Ao receber um benefício de dois dias fora da prisão, ele procura seu credor, Bahram (Mohsen Tanabandeh), em busca da retirada da queixa. Sua namorada, Farkhondeh (Sahar Goldust), de posse de uma bolsa que ela encontrou com moedas de ouro, a entrega a Rahim para que ele salde seu débito. No entanto, ele decide devolvê-la à sua legítima dona e espalha um anúncio pela cidade. Esse ato o transforma em uma celebridade. Só que isso, que nasceu de maneira genuína e bem-intencionada, acaba por tomar rumos completamente inesperados. A filmografia de Farhadi lida sempre com histórias que começam de maneira simples, bem pequenas, quase banais. No entanto, à medida que vão avançando, ganham contornos cada vez mais tensos e ricos em significado e crítica social. Não é diferente em Um Herói, que é aquele tipo de filme que não se esgota nos créditos finais e continua conosco por muito, muito tempo. Incomodando e nos fazendo refletir sobre o que acabamos de ver.

UM HERÓI (Ghahreman – Irã/França 2021). Direção: Asghar Farhadi. Elenco: Amir Jadidi, Mohsen Tanabandeh, Sahar Goldust, Fereshteh Sadre Orafaiy, Ehsan Goodarzi e Sarina Farhadi. Duração: 127 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.