O crítico literário Wilson Martins escrevia críticas que tinham temperatura e podiam ser classificadas como frias ou quentes. Eram quentes quando ele fazia uso de elogios com abundância de adjetivos positivos. E frias quando utilizava adjetivos negativos ou gelados, como gostava de frisar. O filme indiano RRR: Revolta, Rebelião, Revolução, escrito e dirigido por S.S. Rajamouli, em 2022, é uma obra “quente” e faz jus a todos os adjetivos possíveis e imagináveis. A ação se passa nos anos 1920, época em que a Índia pertencia ao império britânico. Tudo começa quando uma menina hindu é levada de sua tribo pelo governador Scott Buxton (Ray Stevenson). Pouco depois se descobre que Komaram Bheem (N.T. Rama Rao Jr.) iniciou uma missão para resgatá-la. É então que o melhor oficial do exército inglês, o indiano Alluri Raju (Ram Charan), é designado para encontrar Bheem e neutralizá-lo. A partir daí, espetaculares, divertidas, criativas, fantásticas, estupendas, fascinantes, belas e inesquecíveis sequências de luta e dança capturam nossos olhos que não sentem, em momento algum, as três horas de duração recheadas de ótimas reviravoltas. RRR me fez se sentir uma criança novamente, vibrando e torcendo pelos heróis e amaldiçoando os ingleses invasores, com exceção da Jenny (Olivia Morris). Sua fantasia é alucinante e, ao mesmo tempo, inocente em sua abordagem e essa sinceridade é visível em cada fotograma. Em tempo: Bheem e Raju realmente existiram e lutaram pela independência de seu país, mas nunca se encontraram na vida real. Rajamouli tratou de uni-los nessa maravilhosa ficção.

RRR: REVOLTA, REBELIÃO, REVOLUÇÃO (RRR: Rise Roar Revolt – Índia 2022). Direção: S.S. Rajamouli. Elenco: N.T. Rama Rao Jr., Ram Charan, Ajay Devgn, Alia Bhatt, Olivia Morris, Ray Stevenson, Alison Doody e Edward Sonnenblick. Duração: 187 minutos. Distribuição: Netflix.