Estreia na direção de longa do roteirista e diretor chinês Zhang Hanyi, A Vida Após a Vida é aquele tipo de filme que abre espaço para um leque enorme de interpretações. Tudo acontece em um pequeno vilarejo no interior da China que passa por um processo de desapropriação. E as imagens mostradas na primeira meia hora do filme são, ao mesmo tempo, plasticamente lindas e visualmente impactantes em sua crueza. Somos apresentados a Ming Chun (Zhang Mingjun) e seu filho Leilei (Zhang Li). É visível, de imediato, a tensa relação entre ambos. Entra em cena o sobrenatural. O espírito da falecida esposa de Ming Chun se apossa do corpo do filho para visitar o marido e fazer um inusitado pedido: tirar uma árvore da propriedade da família e replantá-la em outro lugar. Em paralelo, acompanhamos a realidade de um país em franco crescimento econômico que, alheio ao seu passado e à natureza, destrói florestas, polui regiões e provoca a migração generalizada das pessoas. O título elegantemente irônico de A Vida Após a Vida revela muito mais do que aparenta, assim como a trajetória desse pai e seu filho.

A VIDA APÓS A VIDA (Zhi Fan Ye Mao – China 2016). Direção: Zhang Hanyi. Elenco: Zhang Li e Zhang Mingjun. Duração: 80 minutos. Distribuição: Zeta Filmes/MUBI.