Em 1998, o escritor e dramaturgo argentino Jorge Accame encenou sua peça Venecia. 21 anos depois, o brasileiro Miguel Falabella adaptou para o cinema e dirigiu o tocante Veneza. A história gira em torno de um grupo de prostitutas que vive no bordel da Gringa (Carmen Maura), em um lugar qualquer do interior do Brasil. Doente e cega, Gringa sonha reencontrar Giacomo (Magno Bandarz), o único homem que ela amou 50 anos atrás, a quem quer pedir perdão por tê-lo abandonado. Ele mora na cidade italiana de Veneza e é para lá que Rita (Dira Paes) e Tonho (Eduardo Moscovis) prometem levar Gringa. Só que é muito caro uma viagem como essa, então eles bolam um plano ousado para fazer a velha amiga acreditar que está finalmente realizando seu sonho. Veneza é estruturado em três momentos distintos: a dura realidade do presente, a lembrança da vida passada de Gringa e a fantasia da tão sonhada viagem. Falabella constrói muito bem cada um desses momentos, porém, a mágica maior acontece no terceiro ato, quando o plano de Rita e Tonho é colocado em prática. A atriz espanhola Carmen Maura, uma das musas de Pedro Almodóvar, compõe sua Gringa com precisão e nos comove em seu sincero desejo de redenção amorosa. Triste e esperançoso ao mesmo tempo, Veneza é um pequeno hino à magia do circo em particular, e da arte em geral.

VENEZA (Brasil 2019). Direção: Miguel Falabella. Elenco: Carmen Maura, Dira Paes, Eduardo Moscovis, Carol Castro, Caio Manhente, Maria Eduarda de Carvalho, Danielle Winits, Camila Vives, Magno Bandarz e André Mattos. Duração: 91 minutos. Distribuição: Imagem Filmes/Star+.