O romance A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água, escrito por Jorge Amado e publicado em 1959, já havia sido transformado em telefilme dirigido para a TV Globo por Walter Avancini, em 1978, e com Paulo Gracindo no papel-título. Em 2010, o cineasta baiano Sérgio Machado o adaptou para o cinema em Quincas Berro d’Água tendo Paulo José como protagonista. Tudo se passa em Salvador, capital da Bahia, onde somos apresentados ao funcionário público Joaquim (Quincas) Soares da Cunha, um homem cansado da vida que leva. Certo dia ele sai de casa e cai na farra. Esse ato faz com que ele ganhe o apelido de “Berro d’Água”, rei dos vagabundos. Quincas termina morrendo e sua família, temerosa da “fama” conquistada nas noites de bebedeira, decide apagar os vestígios dessa fase e organiza um funeral de respeito. O problema é que não combinaram com os amigos do falecido que “carregam” o defunto para uma derradeira farra. Sérgio Machado estreou no documentário e migrou para a ficção. Seu primeiro longa, Cidade Baixa, revelou um cineasta criativo e autoral. Infelizmente, essas qualidades não se fazem perceber em Quincas Berro d’Água. E não é por culpa da história e do elenco, ambos excelentes. Faltou ao roteirista e diretor encontrar o ponto certo de equilíbrio entre drama e humor que a obra requer. Uma pena.

QUINCAS BERRO D’ÁGUA (Brasil 2010). Direção: Sérgio Machado. Elenco: Paulo José, Irandhir Santos, Flávio Bauraqui, Mariana Ximenes, Luís Miranda, Marieta Severo, Milton Gonçalves, Othon Bastos e Vladimir Brichta. Duração: 105 minutos. Distribuição: VideoFilmes.