O cineasta catalão Oriol Paulo estreou como roteirista e diretor em 1998 com o filme McGuffin. Pelo título do longa de estreia já é possível perceber a predileção do artista pelo suspense, afinal, o termo se refere a um dispositivo narrativo que pode ser um objeto ou qualquer motivação para levar a história adiante, mesmo que nenhuma explicação seja apresentada. Esse recurso está presente em Um Contratempo, de 2016, seu terceiro trabalho para o cinema. Tudo gira em torno de Adrian Doria (Mario Casas), um bem-sucedido homem de negócios que vive o melhor momento de sua carreira profissional. Até ele acordar em um quarto de hotel com um machucado na cabeça, ao lado de sua amante morta. Adrian tem que provar sua inocência e acompanhamos então um intricado quebra-cabeça carregado de reviravoltas surpreendentes. Oriol Paulo conduz sua narrativa com mão segura e mantém nosso interesse da primeira à última cena. Não duvide se Hollywood decidir refilmar essa história em breve. A Índia saiu na frente e já fez a sua em 2019 com o título de Badla, que significa “Vingança”, em hindu.

UM CONTRATEMPO (Contratiempo – Espanha 2016). Direção: Oriol Paulo. Elenco: Mario Casas, Ana Wagener, Jose Coronado, Bárbara Lennie, Francesc Orella, Paco Tous, David Selvas, Manel Dueso, San Yélamos e Iñigo Gastesi. Duração: 106 minutos. Distribuição: Netflix.