O americano George C. Wolfe começou sua carreira em 1989, como roteirista. Desde então tem se dividido entre trabalhos como ator e diretor. Na maioria das vezes, na televisão. A Voz Suprema do Blues é seu segundo longa para cinema. Produzido pelo ator Denzel Washington, o filme teve seu roteiro adaptado por Ruben Santiago-Hudson, a partir da peça de August Wilson, mesmo autor de Um Limite Entre Nós, que Washington dirigiu em 2016 e onde contracenou com Viola Davis, estrela maior aqui, ao lado do carismático Chadwick Boseman, falecido no final de agosto de 2020, neste que foi seu último trabalho. A história se passa em Chicago, no ano de 1927, e acompanha uma sessão de gravação do novo álbum de Ma Rainey (Davis), a “mãe do blues”. Ela está acompanhada de sua banda e tem uma relação tensa com Levee (Boseman), seu ambicioso trompetista. Apesar de ter um texto teatral como base, o diretor consegue impor um ritmo bastante cinematográfico ao seu filme. A câmara não para um minuto sequer. E mesmo tendo um elenco de apoio dos mais competentes, o brilho vem mesmo é da dupla principal. Viola Davis e Chadwick Boseman se superam. Ela dá vida a uma mulher que conquistou seu lugar graças ao seu talento vocal e à sua postura firme e arrogante perante as pessoas que a rodeiam. Já ele faz uso de seu charme e criatividade para arrancar belos solos do trompete. Com dois atores desse quilate em cena e um ótimo texto de apoio, só restou a diretor ligar a câmara, gritar “ação” e deixar a magia acontecer diante de nossos olhos.

A VOZ SUPREMA DO BLUES (Ma Rainey’s Black Bottom – EUA 2020). Direção: George C. Wolfe. Elenco: Viola Davis, Chadwick Boseman, Colman Domingo, Glynn Turman, Michael Potts, Jeremy Shamos, Jonny Coyne, Taylour Paige, Dusan Brown e Joshua Harto. Duração: 94 minutos. Distribuição: Netflix.