A boa recepção de O Animal Cordial abriu caminho para que Gabriela Amaral Almeida escrevesse e dirigisse seu segundo longa, A Sombra do Pai, cerca de um ano depois do filme de estreia. A história aqui gira em torno de Dalva (Nina Medeiros), uma menina de nove anos, órfã de mãe, que passa a tomar conta da casa quando seu pai, o pedreiro Jorge (Julio Machado), adoece. Nina tem que renunciar a sua infância para dar conta de tudo. Enquanto isso, Jorge precisa lidar com suas frustrações. O cinema de Gabriela Amaral Almeida prima, antes de tudo, pela sutileza e pela sugestão. Muito do que acontece está fora da cena. Isso, pelo menos para mim, potencializa a tensão. E ela o faz utilizando de forma inteligente e precisa elementos básicos da linguagem cinematográfica. O som é um desses elementos, bem como a detalhada construção do cenário e o clima, muitas vezes claustrofóbico, que imprime em sua narrativa. Ao recorrer à magia e explorar o sentimento de luto no seio de uma família através do olhar de uma criança ganha contornos inesperados e assustadores.

A SOMBRA DO PAI (Brasil 2019). Direção: Gabriela Amaral Almeida. Elenco: Julio Machado, Luciana Paes, Nina Medeiros, Carlota Joaquina, Guilherme Atolini, Vanderlei Bernardino, Caio Juliano e Dinho Lima Flor. Duração: 92 minutos. Distribuição: Pandora Filmes.