Em condições normais, dificilmente este filme seria comentado aqui. Mas, como toda regra tem uma exceção, O Fabuloso Doutor Dolittle ganha um lugar de destaque. A razão é assumidamente pessoal e nostálgica. Trata-se do filme mais antigo que eu tenho a lembrança de ter visto em minha vida. Eu tinha quatro anos de idade e guardei muitas das cenas que eu vi. Em especial, as que mostravam o Doutor Dolittle falando com os animais e a do famoso caracol cor-de-rosa gigante. Dirigido por Richard Fleischer, uma espécie de “pau para toda obra”, a historia se inspira nos livros escritos por Hugh Lofting, e teve sua adaptação feita por Leslie Bricusse. O médico veterinário John Dolittle (Rex Harrison) gosta mais de bicho do que de gente. O fato de poder falar com os animais reforça ainda mais esta predileção. Contextualizando O Fabuloso Doutor Dolittle na Hollywood daquela década, é preciso entender o seguinte: os estúdios americanos estavam completamente perdidos. Em 1964, Mary Poppins, um musical, obteve muito sucesso. No ano seguinte, A Noviça Rebelde, outro musical, havia feito mais sucesso ainda. Os executivos da Fox acreditavam que o publico estava ávido por musicais. Dolittle foi mais um deles. Apesar das muitas indicações ao Oscar, inclusive para melhor filme, o fracasso foi retumbante. Na verdade, existem alguns problemas nesta produção. E o principal deles talvez tenha sido a escalação de Rex Harrison para o papel principal. De qualquer maneira, há pontos positivos e até mesmo bem avançados para a época em que o filme foi feito. E isso já justifica a conferida.

O FABULOSO DOUTOR DOLITTLE (Doctor Dolittle – EUA 1967). Direção: Richard Fleischer. Elenco: Rex Harrison, Samantha Eggar, Anthony Newley, Richard Attenborough e Geoffrey Holder. Duração: 152 minutos. Distribuição: Fox.