Sabe aquele tipo de filme em que parece que nada acontece e na verdade, acontece tudo? A Família, dirigido em 1987 por Ettore Scola, um dos grandes mestres do cinema italiano, é assim. O roteiro, escrito por Graziano Diana, tem por base uma história concebida por Ruggero Maccari, Furio Scarpelli e pelo próprio diretor. Tudo gira em torno de Carlo (Vittorio Gassman), um professor que quer reunir toda sua família para comemorar seus 80 anos de idade. Aqui, acompanhamos os principais momentos da vida de Carlo a partir do dia de seu batismo. Scola utiliza basicamente um único cenário, a secular casa da família e abre e fecha seu filme com todos reunidos para uma foto memorável. Outro diretor menos talentoso poderia transformar da história de A Família em um grande dramalhão. Não faltam elementos neste filme para isso. Felizmente, há um Diretor, assim mesmo, com “D” maiúsculo, por trás de tudo. E isso faz toda a diferença. Ao longo das oito décadas da vida de Carlo retratadas nesta obra, criamos laços fortes de identificação com o que é mostrado. Talvez seja por isso que temos a impressão de que nada acontece. Esta sensação é comum quando se estabelece esta empatia. Somente grandes artistas conseguem criar esta conexão. E Ettore Scola é um deles. Em tempo: existe um outro filme de mesmo título, dirigido em 2013 pelo francês Luc Besson. Mas, sem ligação alguma com este.

A FAMÍLIA    (La Famiglia – Itália 1987). Direção: Ettore Scola. Elenco: Vittorio Gassman, Stefania Sandrelli, Fanny Ardent, Philippe Noiret, Jo Champa, Sergio Castellitto e Giuseppe Cederna. Duração: 127 minutos. Distribuição: New Line.