O italiano Gillo Pontecorvo iniciou sua carreira em 1953 como documentarista. Ao longo dos anos seguintes foi alternando trabalhos documentais com outros ficcionais. Em 1960, com Kapo – Uma História do Holocausto, ele desenvolveu um estilo que seria consagrado seis anos depois com o clássico A Batalha de Argel. Pontecorvo conseguiu a mistura perfeita entre ficção e documentário. Seu filme seguinte, feito em 1969, foi este Queimada. O roteiro, escrito por Franco Solinas e Giorgio Arlorio, conta uma história que se passa no século XIX em uma ilha do Caribe. Para lá é enviado Sir William Walker (Marlon Brando), um representante da coroa britânica. Mercenário profissional, ele tem como missão incentivar uma revolta popular que beneficiará os negócios de seu governo. Dez anos depois, ele retorna à ilha, desta vez para virar o jogo novamente. Tudo em nome dos interesses econômicos vigentes. Queimada foi realizado no final da década de 1960, porém, sua trama continua bastante atual. Pontecorvo questiona o imperialismo e todas as questões políticas relacionadas ao domínio de uma nação mais forte sobre uma mais fraca. Walker, irônico e habilidoso na arte da manipulação, tem em Brando o ator perfeito para encarná-lo. Em resumo, Queimada não é apenas um grande filme. É também uma grande aula de política.

QUEIMADA (Queimada – Itália/França 1969). Direção: Gillo Pontecorvo. Elenco: Marlon Brando,  Evaristo Marquez, Norman Hill ,  Renato Salvatori  e  Giampiero Albertini . Duração: 132 minutos. Distribuição: Fox.