O americano Bennett Miller é um cineasta de carreira cada vez mais sólida e autoral. Egresso do documentário, coincidentemente ou não, seus primeiros trabalhos no cinema de ficção são baseados em histórias reais. Primeiro foi Capote, de 2005. Depois, O Homem Que Mudou o Jogo, de 2011. E em 2014 este Foxcatcher: Uma História Que Chocou o Mundo. O roteiro de E. Max Frye e Dan Futterman tem por base a história dos irmãos Mark (Channing Tatum) e David Schultz (Mark Ruffalo) e o envolvimento deles com o milionário John du Pont (Steve Carell). Os dois são campeões de luta grego-romana e, apesar da eficiência técnica que demonstram nos ginásios, o comportamento social dos Schultz é bem diferente. E Miller, um diretor extremamente econômico, mostra as diferenças entre os irmãos de maneira magnífica em pouquíssimos planos. Tudo então toma um novo rumo com a entrada em cena de du Pont. Fã do esporte, ele decide patrocinar e treinar Mark em sua fazenda, que dá título ao filme. Falando nisso, o subtítulo nacional é um equívoco completo, uma vez que o “choque” provocado pela história se restringiu aos Estados Unidos. Tanto Mark Ruffalo como Steve Carell, que explora aqui seu talento dramático, foram indicados a diversos prêmios de atuação. Ambos perfeitos em seus papéis, mas, o mesmo pode ser dito de Channing Tatum. Foxcatcher é denso, pesado e lento em sua narrativa. E tinha que ser assim. Miller prova mais uma vez que é um autor com domínio completo de sua obra. Coisa rara no cinema “made in Hollywood” atual.

FOXCATCHER: UMA HISTÓRIA QUE CHOCOU O MUNDO (Foxcatcher – EUA 2014). Direção: Bennett Miller. Elenco: Channing Tatum, Mark Ruffalo, Steve Carell,  Sienna Miller, Anthony Michael Hall, Guy Boyd e Vanessa Redgrave. Duração: 134 minutos. Distribuição: Sony.