Lars von Trier e Thomas Vinterberg criaram em março de 1995 o manifesto chamado de Dogma 95. Eles defendiam um cinema feito sem cenários, nem trilha sonora e apenas uma câmara no ombro, além de outros itens constantes do documento que redigiram e apresentaram em Paris, naquele mês. Ironicamente, tanto Vinterberg como von Trier realizaram apenas um filme seguindo essas regras. Festa de Família, do primeiro, e este Os Idiotas, do segundo. Ambos lançados em 1998. Responsável também pelo roteiro, von Trier nos mostra um grupo de amigos que finge ter problemas mentais. O objetivo deles é obter regalias e, ao mesmo tempo, se divertir expondo uma postura idiota para, com isso, denunciar a hipocrisia burguesa. Com cerca de 20 anos de carreira quando fez este filme, von Trier já tinha uma assinatura. Provocador por natureza, em Os Idiotas, esta faceta do diretor está mais do que evidente. Mesmo quando parece procurar o choque pelo choque, é possível perceber que existe um discurso bem articulado por trás das cenas que vemos. E isso faz toda a diferença.
OS IDIOTAS (Idioterne – Dinamarca 1998). Direção: Lars von Trier. Elenco: Bodil Jorgensen, Jens Albinus, Anne Louise Hassing, Troels Lyby, Nikolaj Lie Kaas e Louise Mieritz. Duração: 117 minutos. Distribuição: Versátil/Cultura.
Gostando ou não, é notável a assinatura de Lars von Trier em seus filmes. E isso, como bem diz o Marden, “não é pouco”.