Existem três preconceitos que costumam rondar o cinema. O primeiro tem relação com filmes em preto e branco. O segundo rejeita as animações. O terceiro acha que qualquer trama inspirada em histórias-em-quadrinhos é filme de super-herói. Costumam dizer, sem propriedade alguma, que um é ultrapassado e os outros dois são coisa de criança. Bem, Persépolis, dirigido por Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, derruba sozinho essas bobagens. É uma animação em preto e branco moderníssima, baseada em uma HQ sem heróis e que não foi feita para crianças. O filme adapta a série de quadrinhos escrita e ilustrada por Marjane Satrapi, em 2002, e lançada no Brasil, pela Companhia das Letras. De teor autobiográfico, Persépolis conta a história da própria Marjane, uma jovem iraniana que vivenciou todas as mudanças rápidas e radicais ocorridas em seu país. Com criatividade, bom humor e muita sensibilidade, Satrapi e Paronnaud fazem a transição da HQ para o cinema mantendo a essência e a graça da obra original. Não há embromação aqui. Os diretores mostram o que precisa ser mostrado, utilizando uma linguagem sofisticada e adulta. Vencedor de diversos prêmios internacionais, Persépolis é cheio de boas surpresas e mais contundente que muitos dramas com atores de carne e osso.
PERSÉPOLIS (Persepolis – França 2007). Direção: Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud. Animação. Duração: 95 minutos. Distribuição: Europa Filmes.
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