Criado por Chester Gould no início dos anos 1930 e publicado durante anos em diversos jornais, o detetive Dick Tracy já havia sido adaptado para rádio, cinema e televisão. Na virada dos anos 1980 para os 1990, uma época em que filmes inspirados em histórias-em-quadrinhos era algo bem raro, o ator, diretor e produtor Warren Beatty resolveu trazer outra vez Dick Tracy para as telonas. O roteiro, escrito por Jim Cash e Jack Epps Jr. não é dos mais criativos, no entanto, Beatty caprichou na cobertura. Com ele próprio à frente do papel-título, ele convidou alguns amigos, tipo Al Pacino e Dustin Hoffman, para citar apenas dois, para trabalhar no filme. O requinte e extremado cuidado da produção é visível já a partir da primeira cena. Além dos cenários e dos figurinos impecáveis, o detalhe que mais chama a atenção é a forma como as cores são mostradas e utilizadas. O diretor de fotografia italiano Vittorio Storaro, que já havia trabalhado com Beatty em Reds, cuidou desse departamento e conseguiu texturas impressionantes de cores que deixam nossos olhos maravilhados. Outros pontos de destaque são a bela trilha sonora composta por Danny Elfman e a maquiagem dos vilões. Diante de tantas adaptações de HQ’s disponíveis hoje no mercado, é até salutar ver ou rever Dick Tracy e perceber que ele estava muitos anos adiante de seu tempo. Algo que, quando de seu lançamento, pouca gente percebeu.
DICK TRACY (Dick Tracy – EUA 1990). Direção: Warren Beatty. Elenco: Warren Beatty, Al Pacino, Glenne Headly, Paul Sorvino, Madonna, Charlie Korsmo, William Forsythe e Dustin Hoffman. Duração: 105 minutos. Distribuição: Buena Vista.
“Dick, que nome maravilhoso”, na voz de Madonna. Certamente, uma piada intraduzível. Eis aí pérolas de um filme que sim, ficou na memória. Bem melhor, inclusive, se comparado a um sofrível Besouro Verde ou Lanterna Verde dos dias de hoje!