O cineasta inglês Mike Leigh costuma filmar suas histórias sem um roteiro concluído. Ele tem o hábito de deixar os atores livres para improvisar, porém, supervisiona a “improvisação”. Em Segredos e Mentiras, acompanhamos o drama de Hortense (Marianne Jean-Baptiste), uma mulher negra e bem sucedida que após a morte de sua mãe adotiva decide procurar por sua mãe biológica. Para sua surpresa, descobre que sua mãe verdadeira é uma mulher branca e pobre, Cynthia, vivida pela Brenda Blethyn. Essa revelação afeta a vida de todos e expõe segredos e mentiras, como o próprio título já antecipa, que estavam escondidos e esquecidos. Além dos temas polêmicos que geralmente escolhe para seus roteiros, Leigh é diretor reconhecido por seu excelente trabalhos com os atores, em especial, com as atrizes. Neste filme temos dois exemplos perfeitos: Marianne Jean-Baptiste e Blenda Blethyn. Qualquer cena com as duas já vale o filme. Misturando um forte drama com alguns respiros cômicos, Leigh encontra o equilíbrio adequado para desenvolver sua trama sem torná-la cansativa. Segredos e Mentiras foi premiado em Cannes com a Palma de Ouro de melhor direção e melhor atriz, para Brenda Blethyn.