Quem acompanha a carreira do ator Robert De Niro sabe que ele é um perfeccionista na arte de representar. Criador de tipos inesquecíveis como o jovem Vito Corleone, de O Poderoso Chefão – Parte II, o boxeador Jack La Motta, de Touro Indomável, um motorista de táxi de Taxi Driver, o Al Capone de Os Intocáveis, o demônio em Coração Satânico, um mafioso em Os Bons Companheiros e um psicopata em Cabo do Medo. Depois de mais de 20 anos atuando, De Niro resolveu se arriscar por trás das câmeras e dirigiu Desafio no Bronx. De Niro não quis arriscar muito e escolheu um texto quase autobiográfico. A trama se passa no bairro italiano de Nova York. Lorenzo (o próprio De Niro), trabalha como motorista de ônibus. Homem honesto de princípios, tenta educar dignamente o filho Calógero (vivido pelo ator Francis Capra e Lillo Brancato). O problema é o fascínio que o mafioso Sonny (Chazz Paminteri, autor da peça que deu origem ao filme) exerce sobre o garoto. Filho de italianos, De Niro, cresceu dividido entre a Igreja e a Máfia. E muito de sua infância e adolescência está no filme. O resultado final é mais do que compensador. De Niro revela-se um diretor extremamente sensível e disciplinado. Como estreante, demonstra ter aprendido bem as lições dos experientes amigos Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Sergio Leone. Ele possui, sem dúvida alguma, a principal qualidade que um diretor deve ter: saber contar uma história. Alguns maldosos chegaram a dizer que Desafio no Bronx parece um filme de Scorsese. Isso não tira em nada o mérito de De Niro como diretor. Afinal, os dois cresceram juntos no mesmo bairro italiano nova-iorquino e as referências de ambos são praticamente idênticas. E cá entre nós, ser comparado a Martin Scorsese não é uma ofensa, é um grande elogio.