NA VENTANIA

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A essência do cinema está na imagem em movimento. O cineasta estoniano Martti Helde subverte essa lógica em Na Ventania, seu longa de estreia. Aqui, o movimento se dá em imagens estáticas de profunda beleza plástica e intensa força dramática. O roteiro, escrito por Helde junto com Liis Nimik, nos conduz à noite do dia 14 de junho de 1941, quando o ditador russo Stalin ordenou uma limpeza étnica dos nativos dos Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), e com essa ação covarde deportou 40 mil inocentes. Somos apresentados à Erna Tamm (Laura Peterson), seu marido Heldur (Tarmo Song) e a filha, Eliide (Mirt Preegel). Mãe e filha são levadas para um campo de trabalhos forçados. O pai é enviado para uma prisão. A narrativa se desenvolve através de cartas escritas por Erna para Heldur. Na Ventania não é um filme fácil. Mas, asseguro se tratar de uma experiência visual das mais fascinantes. A começar pela belíssima, inebriante e sedutora fotografia de Erik Pöllumaa. Voltando às imagens estáticas do filme, na verdade, como pode parecer inicialmente, elas não são fotografias. Helde posiciona seus atores em cena e organiza quadros vivos que ele percorre suavemente com sua câmara. Acredito que isso tenha exigido muito ensaio e concentração por parte do elenco, e claro, um olhar bem atento e preciso do diretor. É algo que a princípio incomoda, mas, depois, nos envolve e comove por inteiro. Como se a vida daquelas pessoas tivesse parado realmente no tempo. E, infelizmente, parou mesmo.

NA VENTANIA (Risttuules – Estônia 2014). Direção: Martti Helde. Elenco: Ingrid Isotamm, Tarmo Song, Laura Peterson, Mirt Preegel e Elnar Hillep. Duração: 87 minutos. Distribuição: Zeta Filmes/Now.

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Last modified: 13 de janeiro de 2019

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