Desde que o Cinema se configurou como uma grande indústria, repetir fórmulas que estão dando certo é algo recorrente. Por isso, não é de se admirar que A Freira traga em sua abertura a referência ao casal Warren, que ficou famoso no mundo inteiro com seus casos de investigações da paranormalidade e seus efeitos.  Um dos casos do casal Ed e Lorraine foi adaptado no filme Invocação do Mal, que fez tanto sucesso que acabou virando uma franquia, que inclui Invocação do Mal 2 e Annabelle e Annabelle 2.

O jogo entre o profano e o sagrado, mais uma vez, é usado como estratégia para incitar o medo nos espectadores. Afinal, se nem cruzes, padre e freiras conseguem conter a sanha do demônio, quem dirá nós, reles mortais de pouca fé. Além disso, como a trama se vale da estratégia de fincar os pés em fatos que, supostamente, ocorreram no chamado mundo real, acaba ganhando alguns pontos a mais.

No entanto, a obra acaba trazendo sustos muito óbvios, especialmente para aquelas pessoas já acostumadas às películas de terror. O grande problema é o fato de o filme, dirigido por Corin Hardy, ter sido vendido como o capítulo mais tenebroso da franquia. Talvez o maior susto do filme é justamente o que foi utilizado no trailer. Por isso, ao sair da sala, fica a sensação de “quero mais”.

A trama começa quando Frenchie (Joans Bloquet), um trabalhador rural, encontra o cadáver de uma freira dependurado em frente à tenebrosa abadia. O fato chega ao Vaticano, onde o Padre Burke (Demien Bichir) é nomeado para investigar o caso. Ele terá de trabalhar com a noviça Irmã Irene (Taissa Farmiga).

Mal chegam ao local da investigação e já percebem que o problema é muito maior do que se imagina. Surge a missão de devolver a força maligna que habita o local ao submundo e salvar, assim, não apenas as próprias vidas, mas impedir que o mal se desprenda e se espalhe para além da abadia.

Taissa Farmiga, na pele de Irmã Irene, rouba a cena ao lado de Frenchie, que é a pitada de comicidade em meio à tensão na trajetória da investigação sobre o caso. E, talvez, seja a sustentação do roteiro escrito por Gary Dauberman. A atuação dela é tão convincente que acaba fortalecendo a história, dando a ela um caráter mais crível.

Ao fim e ao cabo, o filme vale a pena, mesmo que não desperte tanto medo quanto se espera. Se não apavora, ao menos diverte os amantes do gênero, mais do que com sustos, com passagens angustiantes, com direito a gente enterrada viva, afogamentos e sacrifícios na forca.

A FREIRA (The Nun – EUA 2018). Direção: Corin Hardy. Elenco: Demian Bichir, Taissa Farmiga, Jonas Bloquet, Bonnie Aarons, Charlotte Hope, August Maturo, Michael Smiley e David Horovitch. Duração: 97 minutos. Distribuição: Warner.