A história por trás da produção de Com Amor, Van Gogh talvez vire filme um dia. Se isso acontecer, assistiremos a uma bela história de amor. Aliás, “amor” é a melhor palavra para descrever tudo o que envolve esta obra. Adianto que vou utilizar bastante este substantivo aqui. Tudo começou na Polônia, país natal de Dorota Kobiela, no início dos anos 2000. Ela se formou pela Academia de Artes de Varsóvia e ganhou uma bolsa para estudar Pintura. Seus amigos a levaram para o Cinema e ela descobriu a animação. Entre 2004 e 2011 ela realizou um curta com atores e cinco curtas animados. Nesse meio tempo surgiu o projeto “Van Gogh”, que ela imaginava inicialmente como um curta que ela próprio iria desenhar inteiro. Quando decidiu transformá-lo em um longa, Kobiela percebeu que não conseguiria fazê-lo sozinha. Sem saber direito como levar o projeto adiante, um amigo a apresentou ao inglês Hugh Welchman, que havia ganho um Oscar de melhor curta de animação com o filme Pedro e o Lobo, em 2008. Os dois se apaixonaram e passaram a “tocar” o projeto juntos. O amor dela por Vincent Van Gogh; o amor dos amigos que a levaram a estudar Cinema e o amor do amigo que a apresentou ao amor de sua vida só poderia resultar em um filme que transborda amor. Com Amor, Van Gogh é isso: uma declaração de amor a um dos maiores pintores de todos os tempos e à sua obra tão pessoal e única. O roteiro, escrito pelo casal de diretores, junto com Jacek Dehnel, se passa em 1891, um ano após o suicídio do pintor. Armand Roulin encontra uma carta que nunca chegou ao seu destino. Uma carta de Vincent para seu irmão Theo. No melhor estilo Cidadão Kane, Roulin, aconselhado por seu pai, decide entregar a carta ao seu destinatário. Para isso, ele inicia uma investigação e conversa com pessoas que conviveram com Van Gogh para com isso tentar decifrá-lo. Com o auxílio de quase 100 pintores que emularam o traço do artista em cerca de 65 mil fotogramas, Com Amor, Van Gogh é uma tocante declaração de amor ao trabalho de um de seus maiores artistas. Mas, é também uma declaração de amor à vida e ao próprio amor. Por que não?

COM AMOR, VAN GOGH (Loving Vincent – Polônia/Inglaterra/EUA 2017). Direção: Dorota Kobiela e Hugh Welchman. Animação. Duração: 94 minutos. Distribuição: Focus Filmes.