O grande mestre do cinema japonês Yasujiro Ozu já era um veterano com mais de 40 filmes realizados quando dirigiu As Irmãs Munekata, em 1950. Seu filme anterior, Pai e Filha, havia ganho alguns prêmios. Ozu, sempre fiel ao estilo que o consagrou, trata aqui de mais um drama intimista e familiar. O roteiro, de autoria de Ozu, junto com Kogo Noda, foi adaptado de uma série de histórias escrita por Jiro Osaragi e publicada em capítulos semanais em um jornal de Tóquio. Como o próprio título já adianta, tudo gira em torno de duas irmãs, Setsuko (Kinuyo Tanaka) e Mariko (Hideko Takamine). A primeira é fiel às tradições da família e se casou com Mimura (So Yamamura), que está sem emprego. É ela quem sustenta a casa trabalhando em um bar. A segunda é o oposto. Solteira e livre no jeito de andar, agir, falar e se vestir. A dinâmica entre elas se modifica com a chegada de Hiroshi (Ken Uehara), antiga paixão de Setsuko e que agora desperta também a atenção de Mariko. Ozu utiliza as personalidades diferentes das duas para refletir sobre a sociedade japonesa, dividida entre a tradição e a modernidade, entre o passado e o presente. Com a câmara posicionada na altura de alguém de joelhos em um tatame e usando uma lente de 50 mm, que é a mais próxima do olho humano, Ozu nos deixa sempre bem perto e íntimos de suas personagens. E essa sutil delicadeza é algo simplesmente sublime.

AS IRMÃS MUNEKATA (Munekata Kyodai – Japão 1950). Direção: Yasujiro Ozu. Elenco: Kinuyo Tanaka, Hideko Takamine, Ken Uehara, Sanae Takasugi, Chishu Ryu, So Yamamura e Kamatari Fujiwara. Duração: 112 minutos. Distribuição: Versátil.