O americano Kenneth Lonergan começou sua carreira como roteirista da série animada Doug, em 1993. O sucesso, seis anos depois, da comédia de ação A Máfia no Divã, dirigida por Harold Ramis a partir de um roteiro seu, permitiu sua estreia na direção, em 2000, com o premiado Conte Comigo. Seus trabalhos pessoais são densos e econômicos, como é o caso de Manchester à Beira-Mar que ele escreveu e dirigiu em 2016. O filme começa mostrando a rotina de Lee Chandler (Casey Affleck). Ele trabalha como zelador de um edifício e se revela um homem seco e amargurado. Paralelo a isso, cenas do passado mostram uma pessoa bem diferente. Surge a pergunta: o que teria acontecido com ele? Lee é forçado a retornar à sua Manchester natal por conta da morte de Joe (Kyle Chandler), seu irmão. Para seu desespero, ele fora designado guardião do sobrinho Patrick (Lucas Hedges) e reencontra Randi (Michelle Williams), sua ex-mulher. Lonergan, habilmente, vai e volta no tempo, desenhando assim a complexa personalidade de Lee e a razão de seu comportamento. A cena em que ele conversa com Randi é de uma intensidade dramática poucas vezes vistas no cinema. Casey Affleck compõe sua personagem de maneira precisa, irretocável e, merecidamente, ganhou o Oscar de melhor ator por esse papel, bem como Lonergan, pelo roteiro original. Manchester à Beira-Mar é um filme que nos leva às profundezas da dor. Uma dor indescritível e sem nome.

MANCHESTER À BEIRA-MAR (Manchester by the Sea – EUA 2016). Direção: Kenneth Lonergan. Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Gretchen Mol, Tom Kemp, Tate Donovan e Lucas Hedges. Duração: 137 minutos. Distribuição: Sony.