Em 1974, entre as partes I e II de O Poderoso Chefão, Francis Ford Coppola escreveu e dirigiu A Conversação. Nesta obra-prima, ele nos apresentou Harry Caul, um especialista em escutas vivido por Gene Hackman. O que Coppola, e muito menos Hackman, poderiam imaginar é que 24 anos depois o diretor Tony Scott, a partir do roteiro de David Marconi, traria Caul de volta. Em Inimigo do Estado, é Caul, ou melhor Edward Lyle, novamente vivido por Hackman e com o mesmo visual do filme de Coppola, quem ajuda o advogado Robert Clayton Dean (Will Smith), que passa a ser perseguido implacavelmente por agentes da CIA. Scott é um habilidoso contador de histórias e Inimigo do Estado traz elementos de espionagem e suspense que tornam a trama atraente e intrigante desde a primeira cena. A ideia de “ressuscitar” Caul foi do próprio diretor, que fez uso de sua amizade pessoal com Hackman para convencê-lo a participar do filme. Apesar do nome diferente, Edward Lyle é Harry Caul até a medula. O que eleva esta obra a um patamar bem superior aos demais do gênero. Além de prestar uma bela homenagem ao clássico que Coppola dirigiu em 1974, é um prazer sem igual ver Hackman “reprisando” um de seus personagens mais icônicos. Só isso já justificaria a conferida.

INIMIGO DO ESTADO (Enemy of the State – EUA 1998). Direção: Tony Scott. Elenco: Will Smith, Gene Hackman, Jon Voight, Gabriel Byrne, Regina King, Jamie Kennedy, Jake Busey, Barry Pepper, Lisa Bonet, Ian Hart e Jason Lee. Duração: 132 minutos. Distribuição: Buena Vista.