O roteirista, produtor e diretor americano John Hughes talvez tenha sido o cineasta que melhor conseguiu retratar a juventude de seu tempo. Seus filmes, principalmente os quatro realizados entre 1984 e 1986, ainda hoje pertencem ao imaginário coletivo de quase todo o planeta que cresceu naquela década. Depois do sucesso de Gatinhas e Gatões e Clube dos Cinco, este terceiro filme escrito e dirigido por ele, trouxe um olhar, digamos assim, mais “tecnológico” ao universo adolescente. Mulher Nota 1000 conta a história de dois amigos, Gary (Anthony Michael Hall) e Wyatt (Ilan Mitchell-Smith), que decidem criar a mulher perfeita utilizando para isso um computador. Nasce então Lisa (Kelly LeBrock, logo após o sucesso de A Dama de Vermelho). Como é comum na maioria das comédias adolescentes americanas, e aqui, apesar do olhar bem carinhoso de Hughes, não é diferente, alguns clichês do gênero se repetem. Há no entanto um forte atenuante: a atualização do mito de Frankenstein. Mesmo com a clássica “lição de moral”, Mulher Nota 1000 ainda consegue se destacar de outras comédias que seguiram a mesma fórmula. Neste caso, o toque de Hughes fez toda a diferença.

MULHER NOTA 1000 (Weird Science – EUA 1985). Direção: John Hughes. Elenco: Anthony Michael Hall, Kelly LeBrock, Ilan Mitchell-Smith, Bill Paxton, Suzanne Snyder, Robert Rusler, Vernon Wells, Judie Aronson e Robert Downey Jr. Duração: 94 minutos. Distribuição: Universal.