João Clemente Jorge Trinta nasceu em São Luís do Maranhão e sonhava ser bailarino. Este sonho o levou para o Rio de Janeiro no início dos anos 1960, onde, tempos depois, conseguiu ingressar no corpo de balé do Theatro Municipal. Paralelo a este trabalho, Joãosinho era assistente do cenógrafo Fernando Pamplona, que também era carnavalesco da Escola de Samba Salgueiro. Por não conseguir maior destaque em função de sua baixa estatura, ele desistiu da carreira na dança e se dedicou apenas à cenografia. A cinebiografia Trinta, dirigida em 2014 por Paulo Machline, começou na verdade em 2009, quando ele realizou o documentário A Raça Síntese de Joãosinho Trinta. O mais interessante aqui é o recorte feito por Machline. O filme mostra a chegada de Joãosinho, vivido com paixão pelo ator Matheus Nachtergaele, ao Rio e, a partir daí, se concentra nos seis meses anteriores ao carnaval de 1974, período em que ele substiuiu Pamplona (Paulo Tiefenthaler), como carnavalesmo. É dele a famosa frase: “O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual”. Trinta é um filme direto. E sua duração de pouco mais de 90 minutos auxilia ainda mais esta objetividade. Joãosinho, nestes seis meses, precisou se reinventar, provar seu talento e fazer valer sua visão de mundo para a avenida. Pode até parecer muita coisa para tão pouco tempo de filme. Porém, Machline, que é autor do roteiro, junto com Cláudio Galperin, Felipe Sholl e Maurício Zacharias, dá conta do recado.

TRINTA (Brasil 2014). Direção: Paulo Machline. Elenco: Matheus Nachtergaele, Paolla Oliveira, Milhem Cortaz, Paulo Tiefenthaler, Marco Ricca, Fabrício Boliveira, Mariana Nunes, Ernani Moraes e Lea Garcia. Duração: 92 minutos. Distribuição: Fox.