O número de mulheres que dirigem filmes é muito pequeno se comparado ao número de homens. Por isso, quando surge um trabalho de uma diretora, é quase que obrigatório prestigiá-lo. A inglesa Amma Asante começou sua carreira como atriz, em 1986. Doze anos depois, estreou como roteirista e, em 2004, passou à direção. Belle, de 2013, é seu segundo longa. A partir de um roteiro escrito por Misan Sagay, inspirado em uma história real, o filme gira em torno de Dido Elizabeth Belle (Gugu Mbatha-Raw). A ação se passa no século 18. Belle é filha de John Lindsay (Matthew Goode), capitão da marinha britânica e de uma escrava africana. Depois da morte de sua mãe, ela se se muda para a Inglaterra e vai morar com seu tio, Lorde Mansfield (Tom Wilkinson). Belle é criada como uma dama da aristocracia inglesa. Mas isso não impede que ela venha a sofrer preconceitos por conta da cor de sua pele. O projeto levou quase dez anos para ser concluído e resultou em um filme que consegue ser romântico e contestador ao mesmo tempo. Belle lida com questões que, infelizmente, ainda se fazem presentes em nosso cotidiano. Asante conduz sua narrativa com leveza, porém, não abre mão de um discurso que defende a igualdade de condições para todos. É quase um Jane Austen politizado.