É muito comum ouvirmos dizer que continuações são sempre inferiores aos filmes originais. Claro que toda unanimidade é perigosa. É verdade que muitas delas são realmente ruins, porém, existem, felizmente, exceções. E talvez uma das mais antigas, se não a mais antiga, seja A Noiva de Frankenstein, continuação do clássico Frankenstein, dirigido em 1931 por James Whale. A boa aceitação do público aos filmes de terror produzidos pela Universal, tornou uma seqüência para a história do monstro criado por Mary Shelley quase que obrigatória. Carl Laemmle, responsável pelo estúdio, fez questão de chamar novamente Whale para dirigir a nova história e gastou cerca de três anos apenas no desenvolvimento do roteiro, que foi escrito por William Hurlbut. A trama começa no ponto onde o filme anterior terminou. O monstro, de novo interpretado pelo ator Boris Karloff, sobreviveu ao incêndio e sua sede de vingança está maior ainda. Neste meio tempo, outro médico, o Dr. Pretorius (Ernest Thesinger), procura o Dr. Henry Frankenstein (Colin Clive) e propõe que eles criem uma companheira para a criatura. Whale faz uma brincadeira já no começo do filme. Ela usa a mesma atriz, Elsa Lanchester, para os papéis de Mary Shelley e da Noiva. O diretor, que era homossexual assumido, “sugere” que Pretorius seria gay, algo impensável naquela época em que vigorava o rígido Código Hays, de forte censura ao material produzido em Hollywood. O saldo final não poderia ser melhor. A Noiva de Frankenstein não consegue superar seu predecessor, mas, mantém o mesmo nível de qualidade e leva a história por caminhos insuspeitos e surpreendentes.